AMIGO SECRETO E O ESPÍRITO DE NATAL

padrao

O passar dos dias corre como um vento. 2016 já está acabando e um novo natal já está chegando. Final de ano sempre traz um semblante de festa, confraternização, solidariedade, vontade de estar perto das pessoas que amamos. O espírito de natal sempre chega, inevitável, com suas cores, luzes e imagens, espalhadas por todos os cantos da cidade, na TV e no olhar das
pessoas.

Esse espírito natalino tem a ver com a ação que se volta para a compaixão, esse sentimento que faz com que nossas mãos toquem com amor aqueles que ninguém mais quer tocar. O Natal é o momento em que a empatia se materializa em gestos repletos de calor humano, que transbordam para fora e reverberam nas pessoas que passam frio, fome e que sentem falta do maior valor presente na vida: o amor.

Natal também é brincadeira de amigo secreto. Escolho uma surpresa para deixar alguém feliz e também sou presenteado com algum objeto que tem a ver comigo e, portanto, despertará o meu sorriso. O amigo secreto é uma tática para aproximar pessoas que não se conhecem tanto ou que quase não se falam. Um objeto, portanto, torna-se símbolo de um elo que pode durar apenas
alguns minutos ou quem sabe o ano inteiro.

Se as pessoas precisam de um estímulo de consumo para que possam notar quem convive com elas diariamente no trabalho ou periodicamente numa experiência familiar, o que seria necessário para que se compadecessem por aqueles que não possuem nada e que justamente por conta disso estão tão distantes da nossa realidade?

O espírito de natal é a força vai além de uma questão de estar, pautada pelo calendário. Essa força pode e deve ser uma questão de ser, motivada apenas pela existência do outro – e a existência do outro, juntamente com suas diferenças e distâncias, isso por si já é uma potência. Esses que chamamos de “os outros” são aqueles que não aparecem em nosso espelho, que não estão nos lugares que frequentamos, são pessoas que nunca conheceram todo o repertório de vida por onde já passamos.

Um gesto de amor pode ser traduzido num abraço apertado, numa disposição em ouvir ou até mesmo em uma doação material, não importa. Quando o espírito de compaixão se descola do Natal e resolve conhecer todos os outros dias do ano, este é o momento para um milagre acontecer: a descoberta de nossa essência humana, que está viva e iluminada. Todas as necessidades básicas desse outro possuem formatos específicos que podem ser ocupados pelo que nos sobra.

Nossos amigos secretos e ocultos já estão por aí em silêncio. O amor que habita em nós e que nos comove diante deles permanece inquieto, querendo se locomover entre nossos semelhantes. Sim, os tais outros se parecem conosco: possuem um coração, uma história e uma razão de ser que necessita ser resgatada.

O espírito de natal consegue fazer com que nos encontremos conosco a partir do exercício de ajudar os outros a se encontrar. Neste natal e em todos os outros dias, este é o verdadeiro presente que todos querem ganhar: conhecer a si mesmo.

Feliz Natal!